Vicente Celestino - O Ébrio

sábado, 6 de março de 2010

Vicente Celestino
(1894 - 1968)
Vicente Celestino representa, em toda a história de nossa música, a mais longa e ininterrupta carreira de intérprete sem jamais ver diminuída a popularidade.
Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo, estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, que seria gravado para um programa de televisão.
Foram 54 anos de vida artística, se contados a partir de 1914, ano de sua estréia na Companhia do Teatro São José.
A valsa "Flor do Mal" foi nessa ocasião seu primeiro grande sucesso e também entrou no seu primeiro disco, em 1916, na Odeon (Casa Edison).
Antônio Vicente Filipe Celestino nasceu no Rio de Janeiro, no bairro de Santa Tereza, filho de italianos da Calábria.
Dos 6 homens (eram 11 irmãos), 5 dedicaram-se ao canto e 1 ao teatro. Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.
Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome.
Formou companhias de revistas e operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen Dora.
As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção.
Na fase mecânica de gravação, fez cerca de 28 discos com 52 músicas. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada.
Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil. Em 1935 foi contratado pela RCA VICTOR, praticamente daí sua única gravadora até falecer.
No total, gravou em 78 rpm cerca de 137 discos com 265 músicas, mais 10 compactos e 31 Lp's, nestes também incluídas reedições dos 78 rpm.
Vicente Celestino, que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas criações.
Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme público: "O Ébrio" (1946) e "Coração Materno" (1951).
Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904 - 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.
O incrível Vicente Celestino passaria incólume e imperturbável por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você".
Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como A Voz Orgulho do Brasil.
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