Velho de Cancer

terça-feira, 13 de julho de 2010

A prova de que há vida inteligente no rock porto-alegrense.
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Como os caras são meus bruxos, sou suspeito para tecer comentários isentos.
Por isso copiei este texto do My Space da gurizada.


A gênese do grupo se dá com a convergência de diversas demandas e posições filosóficas de seus componentes.

Nos idos de março, os então desconexos músicos, antes pretendentes de alguma forma de renuncia ou protesto artistico se decepcionam com tudo, cedem: certos aspectos de "sua arte" como sua impotência revolucionária na política, ou a falta de expressibilidade da cultura individual de um brasileiro na forma do rock, cultura anglo-norteamericana, coloca-os no que pode-se dizer origem dessa gravação: um buteco.

Transtornados e rancorosos, bebem e chingam.
Mas, confiantes de sua posição de revoltados, sofrem um embate da figura que é central dessa produção musical: Mestre Saddam da Figueira, um mendigo malandro, que lhes conta sua vida, sua ascenção de catador de lixo à burguês, e a constatação que a opulência fede a ócio consumista, e o status ridículo que o dinheiro traz, e como ter dinheiro só quer dizer que você é um filho-da-puta ...

Encantados com o discurso rancoroso daquela figura, que também era mal músico, logo surge a idéia de fazerem um projeto músical, que se desenvolve ao longo de um mês no mesmo buteco, noitadas a dentro ...
Mas apesar de não haver pretenção alguma além de diversão, dado um mês, Mestre Saddam descobre que tem um câncer em suas vísceras, e na semana seguinte morre.

O projeto é uma homenagem a este personagem, que aí se encontra nessa gravação que não teve pretenção de fazer bonito ou de corrigir a precariedades cognitivas de seu fundador. - Há a outra versão da história que são simplesmente alguns desocupados fazendo um som ...

Ler mais:
http://www.myspace.com/velhodecancer#ixzz0tcQ57VBQ

Nei Van Sória - Avalon

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Membro fundador de duas das maiores bandas de rock que despontaram daqui do sul, TNT e Cascavelletes, Nei Van Sória deu início a uma sólida carreira solo com esta bolacha de 1995.

Avalon tem clássicos como "Isso Inclui Você", "Você Tem Que Ousar"e "Satisfação", e outras boas faixas, que merecem serem ouvidas.


Geordie - Hope You Like It

Direto do fundo do baú, para o Dia do Rock.
Geordie, primeira banda do vocalista Brian Johnson, de onde saiu para substituir Bon Scott no AC/DC.
Trilha sonora para qualquer noite de bebedeira.

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Estupro Nem Pensar

domingo, 4 de julho de 2010

Não tenho o costume de postar textos alheios, mas este está perfeito e eu não poderia ter feito melhor.
Para quem tá por fora do ocorrido, o texto se refere ao estupro de uma menor em Santa Catarina, que causou extrema comoção, mas a mídia chapa branca deu pouca importancia.
Talvez porque o pai de um dos estupradores se chame Sérgio Sirotsky.


Quando o “menor” não é meu

Por Elaine Tavares - jornalista
A cidade de Florianópolis, no sul do Brasil, está estarrecida diante de algumas informações que chegam aos correios eletrônicos como se fosse um rastilho de pólvora. Uma garota de 13 anos, de um colégio de gente endinheirada, teria sido estuprada por colegas, praticamente da mesma idade. Um dos garotos seria filho de conhecido empresário, outro de um delegado. Uma carta de mães indignadas – que o colégio nega que sejam de lá – descreve a atrocidade com riqueza de detalhes. Nenhuma informação saíra na imprensa porque, dizem as mães, um dos estupradores é filho do dono de uma rede de comunicação. O jornal Diário Catarinense deu uma nota no dia 30 de junho, lacônica, divulgando o ocorrido, mas, alertando para o fato de que como todos são menores de idade o inquérito segue sob segredo de justiça. Nenhum nome, nenhuma informação a mais.

Muito bem. Corretíssima nota do DC. Quando são menores os envolvidos em crimes, não se divulgam nomes, não se publicam fotos. E mesmo se são maiores e não há flagrante, não se poderia divulgar porque haveria apenas uma presunção de crime. Os nomes só poderiam ser divulgados depois de as pessoas terem sido julgadas. E as fotos, só publicadas com a autorização do vivente. Mas, claro, isso só vale para os que conhecem a lei, no caso, os ricos, que podem ter bons advogados. Com os pobres, tudo é liberado.

Seria bom que o DC agisse assim em todos os casos que envolvessem adolescentes infratores. Seria bom que os jornais preservassem o direito dos menores, impedindo assim que eles ficassem marcados para o resto da vida por conta de alguma infração cometida nesta idade “tão problemática”. Mas ocorre que este debate está eivado de um recorde de classe. Quando são os pobres que cometem crimes, o que está implícito nos informes que nos chegam via TV ou jornal é de só poderiam acabar assim. “Não tem educação, não tem chances, estão fadados ao fracasso”. Como se isso fosse coisa natural. E não é assim. O prefeito Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, chegou ao absurdo de chamar as mulheres pobres e negras que vivem nos morros de “fábricas de marginal” porque, afinal, é de seus ventres que saem os filhos da pobreza.

Mas e quando quem comete um crime é um rico? Como a coisa anda? A primeira tese que se levanta é que a criatura deve ter algum problema mental. Vide o caso da loira que matou os pais, num fato que ficou semanas no ar. Pois é assim. Já se é um pé rapado quem mata os pais, aí está certo. É quase óbvio, é “da sua natureza”. Um juiz que rouba o INSS é protegido pela polícia federal. Jovens que matam um homossexual não tem seus nomes revelados para não terem seu futuro estragado. Não são menores, só ricos. Os canalhas que falsificam licenças ambientais, porque são empresários freqüentados por artistas e governadores são escoltados por agentes públicos, sem autorização para fotos. Depois, quando são soltos seguem suas vidas entre champanhes e festas. Nada os marca para sempre. Nada.

Agora este caso da garota violentada é mais um para esta triste estatística. Ficará em segredo de justiça para não manchar a vida dos garotos. Certamente haverão de se defender teses sobre graves problemas que teriam estes adolescentes, porque só isso poderia explicar tamanha infâmia, tamanha crueldade. Não é da natureza de jovens bem-nascidos cometerem atrocidades. Vamos lembrar os que queimaram o índio Galdino, hoje vivendo muito bem, em cargos públicos até. “Foi uma fatalidade”.

Ah! A hipocrisia burguesa! Todos os dias, em cada lugar deste mundão de deus os ricos estão violentando as gentes. De todas as formas. Parece ser da natureza de quem domina permanecer na impunidade. Por isso eles criam exércitos, milícias, leis, justiça. Porque estas coisas existem para eles, para proteção deles. É por isso que os gritos de “justiça, justiça” dos que estão à margem, fora do centro de poder, se perdem no vazio. A justiça é uma invenção dos poderosos para sua própria proteção. Só a eles serve. Vez em quando se dá uma vitória a um pobre para que o povo tenha a ilusão de que é possível confiar no sistema. Bobagem! Lei não é sinônimo de justiça.

Dou um exemplo de uma comunidade indígena dos Andes, por exemplo. Lá, se alguém viola o código da comunidade, é punido exemplarmente. O coletivo não pode ser maculado pela ação individual. A comunidade depende da harmonia. Se um homem mata outro ele não vai preso. Ele é obrigado a sustentar por toda a vida a sua família e a do outro que ele matou, vivendo essa vergonha para sempre. Porque um homem morto é um braço a menos na construção do coletivo. São regras simples, de comunidades simples.

No mundo capitalista a justiça é individual. Um homem morto é só um homem morto num universo de milhares de braços sobrantes. Uma peça, que é trocada, sem dor. Não há uma quebra no equilíbrio, porque é cada um por si. Por isso às famílias agredidas só resta chorar.

É o que ocorre agora, em Florianópolis, neste triste caso. A família da garota violada buscará justiça. Achará? O que devolve uma inocência perdida? O que recupera toda essa dor de nunca mais poder confiar em alguém? Como se retoma o equilíbrio numa sociedade medida pelo individualismo e pelo consumo? Quem se importa com essa dor? Haverá uma indignação momentânea e o caso cairá no esquecimento, como sempre é numa sociedade eternamente a espera do próximo espetáculo? Num estado dominado por um monopólio de comunicação, qual será a repercussão disso tudo?

Este é o estado da coisa. E deve ser pensado no seu todo. Os finos salões da burguesia também são capazes das coisas mais sórdidas. E não é por problema mental não. Só que aos poderosos tudo parece permitido. Até quando? Até que as gentes mudem este panorama, construindo uma outra sociedade que não esta, dominada pelo dinheiro de alguns. Porque hoje, aqui, neste modo de organizar a vida, a burguesia, por exemplo, pede histericamente a redução da idade penal para conter a violência cada dia maior. Mas, não é para todos. Isso vale apenas para quando o “menor” não é seu.

Existe vida no Jornalismo
Blog da Elaine: http://www.eteia.blogspot.com/
Pobres & Nojentas - http://www.pobresenojentas.blogspot.com/
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